* Mãe Sheila é Iyàlorisà. Foi iniciada no Rio de Janeiro em 1976 por Josertina da Cruz Lessa (Mameto Oya Ice), filha de santo de MonaDewi, também conhecida como Vó Nanã, fundadora de uma conceituada casa de tradição Banto em Aracajú-SE da raiz Bate Folha. Na década de 80 passou a fazer parte da nação Ketu ao tomar suas obrigaçõs na raiz do Gantois. Em 1993, fundou sua "Casa de Santo", o Ilé Àse Àáfin Àbàmì Òsun, em Campos Elisios - Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde funcionou por alguns anos, e hoje é situada na Vila Angélica, Chácara 87 da QD 47 - Jardim Recreio - Piabetá, é divulgadora e defensora da Cultura Afro e Afro-brasileira. Desenvolve um trabalho comunitário bem como de exclarecimento e entendimento aos seus filhos de santo, e procura informar ao máximo o povo em geral, através de programas de rádio e palestras, a respeito da cultura e da religiosidade afro que já foi tão reprimida no passado, e é discriminada ainda nos dias de hoje.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ÌYÀWÓ

Ìyàwó, palavra de origem yoruba, e é a denominação dos filhos-de-santo já iniciados no Àse, que ainda não completaram o período de sete anos da iniciação, porem só após a obrigação de sete anos ele se tornará um Egbomi (irmão mais velho). Antes da iniciação são chamados de Abíyàn (Abíyàn = Novato. É considerada abíyàn toda pessoa que entra para a religião após ter passado pelo bori. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do Orisà pedir a iniciação).
A pessoa passa a ser um Ìyàwó após um determinado período, com os preceitos, os ebò dentre outros, e é recolhida no ronco, quarto específico e apropriado para se fazer iniciações e obrigações, e passa por todos os preceitos necessários para ser um iniciado, as fundamentações e os oró, onde renascerá, não como um homem comum, mas como instrumento de seu Orisà, que por sua boca e seu corpo falará e se manifestará, criando um elo pleno e aumentando assim seu conhecimento, afinidade e Àse próprio de seu Orisà.
Pelas tradições, é durante os sete anos, que se completa o ciclo da iniciação e que a pessoa vai aprender as rezas, as cantigas, os preceitos, os segredos só confiados aos iniciados do Candomblé.
A iniciação pode ser de apenas um Ìyàwó ou pode ser de vários. Nesse caso recebe o nome de "Barco de Ìyàwó”. No caso do barco, o primeiro Ìyàwó será chamado de Dofono, o segundo dofonitinho, o terceiro será chamado de Fomo, o quarto de Fomutinho, o quinto de Gamo, o sexto de Gamutinho, o sétimo de Vimo, o oitavo de Vimutinho, e daí por diante.
Existem Orisà que não podem ser iniciados junto com outros; e nesse caso, será recolhido sozinho.
Para saber se uma pessoa precisa ser iniciada ou não, no Candomblé, o Babalorisà ou Iyàlorisà consulta o jogo de búzios, onde terá as respostas. Essa é uma das formas de saber.
Para os cargos ou postos de Ogan e Ekedij, as pessoas são escolhidas por algum Orisà da casa, e serão pessoas de inteira confiança, pois ficarão com a responsabilidade de zelar pela casa, das festas, dentre outros compromissos e obrigações, lado a lado com a Iyàlorisà ou Babalorisà.
Um iniciado sempre será iniciado, pois uma iniciação nunca será desfeita.
Nos tempos atuais, ouvimos contar que muitos omo Orisà (Filhos de Orisà) que abandonam as casas de origem, e outros migram para outros seguimentos religiosos, na realidade, esse tipo de fato não condiz com o correto dentro das tradições africanas.
Muitos Ìyàwó sentem-se incomodados ao serem chamados de Ìyàwó, e na realidade todos deveriam se orgulhar de “Serem Ìyàwó”, pois todo e qualquer Sacerdote (Babalorisà/Iyàlorisà) só se tornaram Sacerdotes por terem sido iniciados Ìyàwó

A Origem da Palavra ÌYÀWÓ”

Conta a Lenda...

Um certo dia, Òrúnmìlà desejou se personificar em um ser humano. Vestiu-se com folhas de bananeira como se fosse um maltrapilho e se dirigiu à cidade de Ìwó. Ali viu o Oba em toda sua imponência, com seus assistentes e chefes, pois era época de festa anual. Sentou-se em frente a casa do Oba e se serviu das sobras de comida que jogavam fora. Ao ver isso, o Oba o entendeu como um estranho e ordenou que servissem um prato de comida para ele. Mais tarde, Òrúnmìlà disse ao Oba que queria dormir um pouco. A fim de se livrar do estranho maltrapilho, o Oba ordenou a seus servidores que preparassem um lugar para ele, com toda a roupa de cama salpicada com fiapos e sementes de uma certa planta que provocava comichão. Òrúnmìlà dormiu sobre isto e, quando acordou sentiu uma coceira pelo corpo, correu para o rio para se banhar. De manhã cedo, foi até o Oba e disse a ele que tinha tido um bom sono. Em seguida, jogou Òpèlè, o rosário divinatório para Oba, e fez previsão para ele, dizendo que teria um reinado longo e próspero. Novamente, Òrúnmìlà continuou com seu comportamento estranho, comendo sobras de comida, mas predizendo para as pessoas. No seu terceiro dia em Ìwó, a filha do Oba começou a gostar de Òrúnmìlà, e decidiu se casar com ele. Todos ficaram horrorizados, uma princesa se casar com o estranho maltrapilho. Mas ela insistiu e o Oba teve de concordar, dividindo seus bens com Òrúnmìlà, em forma de dote. Òrúnmìlà, então, foi viver fora da cidade com a princesa. Ficou dono de muitos bens, passou a ter assistentes e muitos cavalos, devido aos presentes que recebeu do Oba.
Assim, quando as pessoas perguntavam quem era sua esposa, Òrúnmìlà respondia que era uma humilhação que sofreu em Ìwó. Ìyà significa humilhação, e Ìwó, o nome da cidade onde sofreu humilhação. As duas palavras formam Ìyà Ìwó, e que veio a se tornar Ìyàwó. Desse momento em diante, os yorubá se referiam a noiva de Òrúnmìlà como Ìyàwó, que, assim passou a ser a palavra que define uma ESPOSA.”

**E que no Brasil, erradamente, significa o (a) iniciando (a).

Beijos de mãe...

2 comentários:

  1. Boa tarde mãe!!

    Gostei muito dessa postagem, ela
    é muito interessante.
    As pessoas tem que se orgulhar em
    ser chamadas de Ìyàwó.

    Bjos no seu coração
    Sal`omi

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