* Mãe Sheila é Iyàlorisà. Foi iniciada no Rio de Janeiro em 1976 por Josertina da Cruz Lessa (Mameto Oya Ice), filha de santo de MonaDewi, também conhecida como Vó Nanã, fundadora de uma conceituada casa de tradição Banto em Aracajú-SE da raiz Bate Folha. Na década de 80 passou a fazer parte da nação Ketu ao tomar suas obrigaçõs na raiz do Gantois. Em 1993, fundou sua "Casa de Santo", o Ilé Àse Àáfin Àbàmì Òsun, em Campos Elisios - Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde funcionou por alguns anos, e hoje é situada na Vila Angélica, Chácara 87 da QD 47 - Jardim Recreio - Piabetá, é divulgadora e defensora da Cultura Afro e Afro-brasileira. Desenvolve um trabalho comunitário bem como de exclarecimento e entendimento aos seus filhos de santo, e procura informar ao máximo o povo em geral, através de programas de rádio e palestras, a respeito da cultura e da religiosidade afro que já foi tão reprimida no passado, e é discriminada ainda nos dias de hoje.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Àjàlà “o moldador de Orí (cabeças)”

Diz um dos mitos que Àjàlà foi incumbido de moldar as cabeças dos homens com a lama do fundo dos rios e outros elementos da natureza. Ele moldava as cabeças e as punha para secar ao sol. Àjàlà tinha, contudo, o hábito de embriagar-se enquanto cozia o barro, e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando outras com o barro cru. A causa dos problemas que muitas pessoas apresentam antes de serem iniciadas viria exatamente de um Orí cru, ou queimado, ou mal proporcionado feito durante alguma bebedeira de Ajalá. Como os Orisà não gostam de cabeças ruins, a pessoa ficaria desprotegida, sem a energia do Orisà. Depois que Àjàlà terminava de fazer os Orí (cabeças) Obatalá soprava nelas e lhes dava a vida.


Àjàlà é o joão-de-barro primordial. À parte de Osalà responsável pela criação física dos homens, por seu corpo, sua cabeça (onde vive Orí). Ele representa o aspecto mais orgânico do ser humano; o tipo de barro, de maior ou menor qualidade, mais ou menos cozido (o que implica maior ou menor número de problemas), mais claro ou escuro. Àjàlà mistura ao barro folhas, frutas, minérios, sangues e uma série de materiais que determinam como será aquela pessoa, como Orí poderá agir nela. Estes ingredientes, com o tempo perdem o Àse (energia) e precisam ser, de vez em quando, repostos, o que é feito nos rituais de candomblé, entre eles a iniciação.
O material usado para modelar cada cabeça dá, á pessoa que a escolher, seu destino e seus ewó (proibições). Orí, portanto, e a parte pessoal da existência de cada um. Ao escolher uma cabeça, a pessoa esta também escolhendo o seu odu. O odu é que rege a vida da pessoa durante sua permanência no àiyé. Só Àjàlà e Orunmilà conhecem o odu de cada um. Por isso, o odu só pode ser desvendado através do jogo.
O local de onde Àjàlà tira a massa para modelar Orí é chamado “iporí” e aí se encontra a herança de cada um, especialmente do pai da mãe. Assim, tendo Orí em si um componente de ancestralidade, as pessoas devem, antes de tudo, venerar seus antepassados.
Borí significa “festejo a cabeça, assim como outras obrigações são festejos aos Orisà ou aos ancestrais. Mesmo uma pessoa não iniciada pode dar um borí, desde que o jogo assim o recomende. Assim como qualquer outra obrigação, o borí deve ser precedido por um jogo, que indicará não só sua conveniência, como também tudo que deverá conter a obrigação, inclusive a descriminação dos alimentos a serem oferecidos”.
Outro aspecto importante é que o Orisà não pode atuar de forma positiva sobre a cabeça de um filho se essa pessoa estiver com a cabeça “fraca”. Como o agricultor prepara a terra onde a semente deverá germinar, também a Iyàlorisà ou Babalorisà prepara Orí para receber o Àse que será dados a seus filhos.

Orí é a denominação dada à cabeça física. Entre os povos da Nigéria, a cabeça é considerada o receptáculo das idéias, opiniões, emoções e sofrimento do individuo, e está ligada ao destino e à sorte.  é todo o Asè que uma pessoa tem, e sua sede é na cabeça. É ela que, geralmente, vem primeiro ao mundo e abre o caminho para trazer o resto do corpo. Ela é a sede da consciência e dos principais sentidos físicos.
Todo Orí possui uma individualidade, está relacionada com a qualidade que possui. Uma pessoa prospera é chamada de Olori Rere '' O que possui cabeça boa '', enquanto aquele que é desafortunado é descrito como Olori Buruku '' O que possui cabeça ruim ''. Isto está relacionado com o destino das pessoas. Nem um Orí é essencialmente mau, mas o destino é o fator que pode afeta-lo. Orí Inú é o ser interior ou ser espiritual do homem e é imortal.  Orí Òde é a cabeça física propriamente dita ou a matéria. Ela é mortal e oposição a Orí Inú, que foi criado por Àjàlà, um antigo Orisà.
Orí Òde é a denominação da cabeça física e Orí Inú é a cabeça interior. A primeira é confiada a Osanyin e a Ogun, ou seja, ao saber médico. A segunda é ligada a Ifá e aos Orisà, ou seja, ao saber divino.
Uma das mais importantes divindades na compreensão das crenças yoruba é o guia de cada um e de todos para o sucesso neste mundo e também no outro (céu-orun). Orí é o mesmo que um Orisà e se comporta como tal, inclusive fala na pratica divinatória. Em nosso Orí vive nosso Orisà, que é '' Lavado, assentado e feito''.

Beijos de mãe e muito Àse.

3 comentários:

  1. Boa tarde mãe!!!
    Vim dar mais uma olhadinha no
    seu blog...essa eu não sabia.
    Gostei!!!
    Bjos no seu coração

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  2. Bem, pretendo falar de tudo um pouco, dentro do possível é claro, ou seja, sem quebrar nossas regras...são pequenos detalhes que fazem parte da nossa bela cultura. Nossa cultura é muito extensa e se começarmos do meio ou do fim, com certeza o entendimento não será pleno. Não podendo esquecer que a mitologia, história e religião africana caminham lado a lado. Com o dia a dia dentro do Àse e os ítens que citei pode-se entender o que e de fato uma casa de Àse.

    Obrigada por sua visita!!!!
    Beijos de mãe...

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